quarta-feira, 21 de novembro de 2012

Falling

Nunca as coisas fizeram tão pouco sentido; nunca o mundo pareceu girar numa direção tão errada; nunca meus pensamentos gritaram sem dizer nada. Talvez seja hora de jogar tudo pro alto sem me preocupar com o que isso pode causar nos outros e em mim mesma. Na verdade, não importa.
Quero mais é que as cores voltem a preencher o que um dia pintaram de sentido, que o vento volte a soprar os problemas pra longe e que o mundo pare para que os idiotas caiam.

Girando.

Sempre a mesma coisa: acorda com a cabeça girando, levanta em busca do cheio de um copo para preencher um pouco de si, senta na cama como se pudesse adiar a continuidade do dia. Levanta sem forças e deixa as forças ocultas moverem seus passos até que seu ciclo termine novamente com a cabeça girando.

The end.

Pegou sua mochila cheia de coisas e subiu as escadas até o ponto mais alto do edifício. Olhou para os pontos na rua e riu ao perceber como todos eram tão pequenos perto da imensidão e, por isso, como era escroto pensarem ser o centro do mundo. Largou de observar e se distrair e foi colocar em prática tudo o que havia planejado: soda cáustica, nalpam, gelatina explosiva e alguns sonhos perdidos pelo caminho. Explodiria tudo. Armou o fim do mundo, das pessoas egocentradas, do capitalismo caro barato que leva todos a serem fruto da mesma merda, da frustração. 
Ligou a música no volume mais alto e, enquanto gritava aos sete ventos que não deveria se acomodar com o que incomoda, tudo foi pelos ares: estruturas, pessoas, sonhos que nunca seriam realizados, mais pessoas e estruturas e algumas lembranças de uma vida vazia cheia de nada.
Explodiu a si mesmo e tudo que havia calado durante todos aqueles anos. 

Além, porém aqui

Desenhou seu plano numa enorme cartolina preta, fez colagens com pedaços de revista e escreveu com canetas florescentes todos os passos para destruir aquele lugar.
Havia planejado tudo anos antes e somente agora viu que era o momento correto para mandar tudo pelos ares: pessoas, estruturas e mais pessoas. Levantou e foi até onde deveria estar para começar e conectou todos os aparelhos necessários.
Acordou num lugar escuro, frio e vazio. Parece que seu plano havia funcionado

Abriu os braços devagar e se entregou ao vento

Procurou no fundo do armário algumas peças de roupa que havia jogado no escuro, buscou os sapatos desarrumados em baixo da cama, pegou a mochila velha e seu IPod com uma enorme trilha sonora.
Saiu sem trancar as portas e partiu em busca de se encontrar. Cada quarteirão pelo qual dava seus passos sem pressa parecia revelar algo, parecia gritar segredos através de seus muros com pinturas grafitadas. Olhava em direção as ruas a frente e imaginava o quanto de si descobriria estando sozinha e longe daquele monte de merda que sua vida havia se tornado.
A primeira coisa que percebeu era que estar sozinha lhe fornecia a mais diferente das sensações: liberdade. Abriu os braços devagar e se entregou ao vento.