segunda-feira, 5 de agosto de 2013

Dá pra ver?

Várias vezes me disseram que o tempo cura qualquer dor. Infelizmente, ao longo dos anos, o que eu percebi foi que todos esses filhos da puta estavam mentindo.
Quando tudo aconteceu eu não tinha capacidade nenhuma de entender que você tinha ido pra sempre...parecia uma viagem longa, mas que ainda ia ter volta. E ai que eu estou te esperando voltar até hoje.
No auge dos meus 18 anos, tempo no qual você deveria estar presente pra curtir comigo as aventuras da vida adulta antecipada, eu faço questão de ficar noites em claro pensando em como minha vida seria se nada dessa merda tivesse acontecido na minha vida.
Você foi embora e puf: de um dia pro outro eu só tinha uma pessoa na vida. E ainda hoje ela tenta cobrir um espaço que é seu, e que por mais esforço que ela faça, nunca vai ser preenchido. 
Parei pra pensar: talvez hoje eu fosse um pouco menos impulsiva, talvez eu pensasse na vida de uma outra forma, talvez eu acreditasse nesse "Deus" que todo mundo diz por ai, talvez eu acordasse com um sorriso na cara.
Ao contrário de tudo isso eu sou frustrada, faço tudo sem pensar, não acredito em nada que eu não veja e acordo com o sentimento de "que porra eu ainda tô fazendo aqui?". E sabe por que? Porque essa vida é injusta o suficiente pra destruir a infância de uma criança e o resto da merda de vida que ela um dia sonhou em ter. 
Como dá pra ver eu não cresci a pessoa mais racional do mundo. Como dá pra perceber minha vida virou uma bela confusão desde o dia que você "resolveu" ir embora. Como dá pra sentir, eu não tô feliz.

Meu mar.

Acho que estou ficando completa e absurdamente louca. Acordo pensando numa coisa e vou deitar pensando na mesma, como se na minha cabeça não houvesse espaço pra mais nada. Fico o dia inteiro com os olhos fixos em algo que eu não faço ideia do que é, mas parece ser a minha vida se movimentando diante de mim. Pelo que eu percebi, não tenho mais controle sobre nada.
Antes era mais fácil compreender as coisas que eu sentia; hoje, difícil pra caralho. E sim, pra caralho, porque se eu escrever "pra caramba" perde todo o significado.
Não tenho dormido.. passo as horas noturnas ouvindo as mesmas músicas e tentando mostrar pro meu inconsciente (que anda louco pra virar consciente) que as letras não fazem sentido nenhum na minha vida. Ao menos não deveriam fazer.
Achei que esse tipo de coisa eu pudesse perceber antes e, quem sabe, evitar. Hoje vejo que talvez essa seja uma das mais difíceis tarefas da minha vida. Preciso deixar ir..deixar essa agonia dentro de mim ir embora e assim quem sabe, de uma vez por todas, me largar em paz.
Sinto como se meus pés estivessem presos no chão sem condição nenhum de soltura, de me levar pra algum outro lugar. Mas não tenho com o que me preocupar, não é mesmo? Afinal, quando estou livre e solta não vou pra porra de lugar nenhum e fico sempre no mesmo lugar quebrando a cabeça com coisas que não devia.
Devaneios e mais devaneios. Acho que vou me afogar em mim mesma.

quarta-feira, 21 de novembro de 2012

Falling

Nunca as coisas fizeram tão pouco sentido; nunca o mundo pareceu girar numa direção tão errada; nunca meus pensamentos gritaram sem dizer nada. Talvez seja hora de jogar tudo pro alto sem me preocupar com o que isso pode causar nos outros e em mim mesma. Na verdade, não importa.
Quero mais é que as cores voltem a preencher o que um dia pintaram de sentido, que o vento volte a soprar os problemas pra longe e que o mundo pare para que os idiotas caiam.

Girando.

Sempre a mesma coisa: acorda com a cabeça girando, levanta em busca do cheio de um copo para preencher um pouco de si, senta na cama como se pudesse adiar a continuidade do dia. Levanta sem forças e deixa as forças ocultas moverem seus passos até que seu ciclo termine novamente com a cabeça girando.

The end.

Pegou sua mochila cheia de coisas e subiu as escadas até o ponto mais alto do edifício. Olhou para os pontos na rua e riu ao perceber como todos eram tão pequenos perto da imensidão e, por isso, como era escroto pensarem ser o centro do mundo. Largou de observar e se distrair e foi colocar em prática tudo o que havia planejado: soda cáustica, nalpam, gelatina explosiva e alguns sonhos perdidos pelo caminho. Explodiria tudo. Armou o fim do mundo, das pessoas egocentradas, do capitalismo caro barato que leva todos a serem fruto da mesma merda, da frustração. 
Ligou a música no volume mais alto e, enquanto gritava aos sete ventos que não deveria se acomodar com o que incomoda, tudo foi pelos ares: estruturas, pessoas, sonhos que nunca seriam realizados, mais pessoas e estruturas e algumas lembranças de uma vida vazia cheia de nada.
Explodiu a si mesmo e tudo que havia calado durante todos aqueles anos. 

Além, porém aqui

Desenhou seu plano numa enorme cartolina preta, fez colagens com pedaços de revista e escreveu com canetas florescentes todos os passos para destruir aquele lugar.
Havia planejado tudo anos antes e somente agora viu que era o momento correto para mandar tudo pelos ares: pessoas, estruturas e mais pessoas. Levantou e foi até onde deveria estar para começar e conectou todos os aparelhos necessários.
Acordou num lugar escuro, frio e vazio. Parece que seu plano havia funcionado

Abriu os braços devagar e se entregou ao vento

Procurou no fundo do armário algumas peças de roupa que havia jogado no escuro, buscou os sapatos desarrumados em baixo da cama, pegou a mochila velha e seu IPod com uma enorme trilha sonora.
Saiu sem trancar as portas e partiu em busca de se encontrar. Cada quarteirão pelo qual dava seus passos sem pressa parecia revelar algo, parecia gritar segredos através de seus muros com pinturas grafitadas. Olhava em direção as ruas a frente e imaginava o quanto de si descobriria estando sozinha e longe daquele monte de merda que sua vida havia se tornado.
A primeira coisa que percebeu era que estar sozinha lhe fornecia a mais diferente das sensações: liberdade. Abriu os braços devagar e se entregou ao vento.